As Pescarias de domingo
Todos os domingos e feriados, ao longo de muitos anos, Hudson pegava seu fusca azul 1964, chamava alguns amigos, e partia em direção a Santa Clara, onde se juntava a seu irmão Fernando e normalmente mais alguns amigos da região. Às vezes íamos caçar Pomba Trocal, Inhambu ou Codorna.
Foram anos e anos descobrindo novos pontos de pesca em diferentes rios, mas principalmente no rio Grande. São tantas lembranças e tantas histórias, com muitos amigos do peito.
Os companheiros mais fiéis foram o Papa e Fernando, de Santa Clara e Odilon Fonseca de Barbacena. Porém sempre variava um pouco. Os mais constantes eram Paiva Neto (piolho), Jurandir, Tonico Bergamini, Nonô, Alberto Andretto, Waldemar Andretto, às vezes o Waldir do INPS, De Santa Rita os fiéis, além do Fernando Fonseca, eram Padeiro, Jayme, Petilo e mais tarde o Messias, genro do Fernando.
O fusca 64 chamado “Pai Herói”, era todo preparado para a pescaria. Tinha quase um carro reserva em peças no porta malas. Levávamos 2 pneus estepes na frente e um no bagageiro, Tinha correntes para as rodas, apesar de quase nunca termos usados. Mesmo ele tendo feito muitos caminhos pelos campos, em direção aos rios.
Saíamos de Barbacena na madrugada. Passávamos em Santa Clara onde a turma de Santa Rita já estava esperando. Íamos em 2 ou 3 carros, dependendo do número de pessoas.
Temos muitos causos para contar. Ao longo dos anos coletamos muitas histórias e estórias e lembrá-las nos faz reviver um tempo indescritível.
Vou começar pelas caçadas, que não foram muitas.
Para que nosso cachorro Bingo se exercitasse, às vezes levávamos o Luis (Bacalhau) e os deixava em um campo caçando codorna enquanto íamos pescar. No final da tarde o pegávamos de volta. Era muita mentira que ouvíamos dessas caçadas. Uma vez o Bacalhau disse que havia matado 14 codornas e paramos em Santa Clara para ele as limpar. Quando terminou só havia 13 e ele fantasiou uma estória mirabolante onde um gato havia roubado uma codorna enquanto ele limpava.
Outros companheiros de codorna que levávamos vez ou outra eram o Dr. Fauzi Hadad e o Dr. Geraldo De Filipo, 2 médicos de Barbacena. Eles também adoravam caçar.
Nas caçadas de Inhambu, a turma era a mesma da pescaria, porém íamos em matas fechadas na região. Usávamos pios para atrair a caça e passávamos o dia no mato. Já as caçadas de Trocal, eram em roças de milho, onde fazíamos uma ceva e um esconderijo de folhas, onde ficávamos esperando elas pousarem. Esse tipo de aventura quem mais fazia era o Fernando com o Padeiro.
Como a caça já estava em vias de proibição, realmente foram poucas vezes.
Agora vamos às pescarias. Foram muitos momentos em muitos lugares e a diversão começava e terminava ao longo das viagens. Ríamos muito e muitos fatos aconteceram.
O local era decidido de acordo com a febre do momento. Já teve a febre de Santana, nos poços do Tesouro e do Funil, da Ponte Nova, Cachoeira do Parillo, Cachoeira da Onça, Barra do Pinhal e alguns outros pontos no Rio Grande. Teve a do Rio Conceição, que durou muito tempo e era em 3 pontos de pesca denominados por nós de Mata Burro, Cerca e Barra com o Rio Grande. Teve na fazenda do Vigilato, no Poço da Cruz, No rio Elvas, no Rio Capivari e no Ribeirão dos Cavalos. Salvo algumas exceções, onde íamos pescar Dourado, sempre buscávamos pescar lambari e, ocasionalmente um piau vinha até nossa linha.
Nas viagens ocorriam muita coisa. O fusca já de muito problema e tínhamos que resolver na hora. Como o carro saia da estrada principal e muitas vezes fazia o próprio caminho, tínhamos que tomar muito cuidado. Uma certa vez, por ter um jogo do Brasil, ninguém queria ir pescar. Então foi somente Hudson, Fernandinho e o Papa em um ponto muito afastado do Rio Conceição. Como estava ruim de peixe decidimos voltar cedo para ver o jogo, porém a bateria do carro havia arriado porque o farol ficou aceso. O Papa andou muito em busca de socorro e só conseguimos bem tarde da noite. Em uma fazenda havia uma bateria, mas o proprietário disse que era para a televisão e ele não iria emprestar para não perder o jogo. Ficamos com muita raiva, mas no final da noite conseguimos a ajuda de um carro que passava.